
Coleto sons que me abrem a janela da poesia
Entro no ônibus mas a conexão não funciona
Reciclo sons ilegais em aplicativos burocráticos
Esses eu baixei
E vou escutando os poucos em loop
A desconexão me conecta nas contas pra pagar, penso
•
Olhando para a fresta da janela alterno o foco para dentro e para fora
Na visão e na cabeça
E vejo as gotas de orvalho escorrerem
Na janela dos meus olhos
•
Daí você me vem à mente, fantasio e sorrio
E ao voltar para fora percebo um estranho a me olhar
Pra que julgar? Jugo o Julgamento
•
Me percebo isolada mas sempre na sua companhia
E os olhares vazios me fazem ajeitar a postura
E meu copo de café já vazio
Me tortura
•
Volto pra janela e paro de escrever.