Ellen Sara Gonzaga

Coleto sons que me abrem a janela da poesia

Entro no ônibus mas a conexão não funciona

Reciclo sons ilegais em aplicativos burocráticos

Esses eu baixei

E vou escutando os poucos em loop

A desconexão me conecta nas contas pra pagar, penso

Olhando para a fresta da janela alterno o foco para dentro e para fora

Na visão e na cabeça

E vejo as gotas de orvalho escorrerem

Na janela dos meus olhos

Daí você me vem à mente, fantasio e sorrio

E ao voltar para fora percebo um estranho a me olhar

Pra que julgar? Jugo o Julgamento

Me percebo isolada mas sempre na sua companhia

E os olhares vazios me fazem ajeitar a postura

E meu copo de café já vazio

Me tortura

Volto pra janela e paro de escrever.