Ellen Sara Gonzaga

Ele Sorria

e me chamava de cantinho com um olhar cativante e de cheiro doce

o cantinho era iluminado, e tudo o que ele dizia também. permaneci o encontrando e não o vi fazendo muito do que dizia mas ele descrevia com maestria todas as sensações que eu deveria sentir para visualizar a história. hoje se estuda isso.

A inteligência mecânica nos traz de volta (a perceber) nossa essa carne que vai apodrecer com os vermes. E nos leva ao infinito que somos quando conseguirmos visualizar o espaço ENTRE ser algo e se transformar em outro. No intervalo da expiração e da inspiração. No intervalo de tempo entre um pensamento e outro. O espaço de silêncio Entre o estralo. De onde observamos isso fora desse corpo?

A serra cheia de curvas me levava a caminhos que se esbarravam no dele. Pessoas conectavam as histórias e eu sentia que naquele cantinho brilhante eu parecia obedecer uma ordem que cegava
atrás da sombra dele projetada em meio a tanta luz era onde se enxergava com clareza.

Claro! Pra haver luz há sombra, pra haver barulho há o silêncio, pra haver a inteligência sutil há um corpo. Pra haver a terra há o espaço.

Que belo contador de histórias, me distraindo atoa. Me levando por essas curvas.

Quando notei era tarde! Ele era um cupido e sua flecha já havia me atravessado a ferida.

Ellen Sara